terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ética em Hans Jonas




Introdução

O presente trabalho de pesquisa tem como tema “A ética em Hans Jonas.” E enquadra-se dentro do espírito ético contemporâneo, isto é, novo paradigma ético, ou seja, o trabalho Hans Jonas sobre a ética concentra-se nos problemas éticos sociais criados pela tecnologia. Jonas quer sustentar que a sobrevivência humana depende de nossos esforços para cuidar de nosso planeta e seu futuro. Formulou um novo e característico princípio moral supremo: "Atuar de forma que os efeitos de suas ações sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana genuína".
Entretanto, a busca pelas bases de uma nova ética, ética da responsabilidade, que é a meta de Hans Jonas. Desda forma com a crise ambiental contemporaneo, devido o uso desmedido da tecnologia, tem provocado o debate sobre a necessidade da adoção de princípios éticos que possam mediar os actos humanos em relação ao meio circudande, assim sendo, na óptica de Hans Jonas surge à exigência ética de responsabilidade.
O objectivo deste trabalho é apresentar resumidamentar o esforço de Hans Jonas para fundar uma ética universal, baseando no seu princípio da responsabilidade, ou seja, analisar como se dá a fundamentação daética da responsabilidade de Hans Jonas a partir de seu livro The Imperative of Responsibility.

Palavras chaves: ética, Hans Jonas, responsabilidade, sustentabilidade e paradigma.







1. Vida e obra de Hans Jonas

Hans Jonas nasceu na cidade de Mönchengladbach, em 10 de maio de 1903, isto na Alemanha, e é de origem judia, teve o período inicial de sua formação humanística na leitura atenta dos profetas hebreus..Estudoufilosofia e teologia em Friburgo, Berlim e Heidelberg, e finalmente se doutorou em Marburg, onde fez estudos sobre Martin Heidegger e Rudolf Bultmann. Lá conheceu Hannah Arendt, quem também estava fazendo doutorado, iniciando uma amizade que duraria o resto de suas vidas.
Em 1933, Heidegger uniu-se ao Partido Nazista, algo que Jonas tomou pessoalmente, já que era de origem judia e sionista. O facto do grande filósofo cometer tal acto político fez Jonas questionar o valor da filosofia.
Deixou a Alemanha e foi para a Inglaterra nesse mesmo ano, e de lá viajou para a Palestina em 1934. Foi enviado à Itália, e até o final da guerra à Alemanha. Assim cumpriu sua promessa de somente retornar à sua terra se fosse como um soldado de um exército vitorioso. Durante a guerra escreveu numerosas cartas, tanto filosóficas como amorosas, a Lore, com quem se casaria em 1943.
Imediatamente após a guerra voltou a Mönchengladbach, para buscar a sua mãe, porém descobriu que ela havia sido enviada à câmaras de gás de Auschwitz. Sabendo disto, rechaçou a idéia de viver outra vez na Alemanha. Retornou à Palestina, e tomou parte na Guerra árabe-israelense de 1948. Apesar disso, sentiu que seu destino não era ser um sionista, mas ensinar filosofia. Jonas deu aulas na Universidade Hebraica de Jerusalém, brevemente, antes de mudar-se para a América do Norte. Em 1950 foi para o Canadá, ensinando na Universidade de Carleton, e de lá mudou-se para Nova York, em 1955, onde viveu o resto de seus dias. Trabalhou para a Nova Escola de Investigações Sociais entre 1955 e 1976, e morreu em 5 de fevereiro de 1993, aos 89 anos[1]
No que diz respeito as obras, é de referir que em 1931 elabora uma tese sobre a gnose no primitivo “Gnosis und spataniker”, isto sob orientação de Martin Heidegger. E em 1966 volta a publicar The Phenomenon of life, Toward a Philosophical Biologia. E 1969 Publica O Princípio da Responsabilidade.

2. O Novo Paradigma ético de Hans Jonas “ética da responsabilidade”

Devido o dilema provocado pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki como o marco inicial do abuso do domínio do homem sobre a natureza causando sua destruição, fez com que Hans Jonas repensasse o novo paradigma ético, numa vertente de responsabilidade (SIQUEIRA, 2005).
Devido uso inadequado da natureza, através do progresso científico, colocando a natureza para o uso humano e passível a ser alterada radicalmente. Nesta ordem de ideia, na concepção Jonas, o Homem passou a manter com a natureza uma relação de responsabilidade, pois ela se encontra sob seu poder. Entratanto;
além da intervençãona natureza extra-humana, é a manipulação do patrimônio genético do ser Humano que poderá introduzir alterações duradouras de imprevisíveis consequências futuras. Conclui dizendo que necessária uma novo paradigma ético que contemple a natureza e não somente a pessoa humana. Esse nono poder humana impõe alterações na própria natureza da ética (SIQUEIRA, 2005, 3).
Deste modo, Hans Jonas tenta responder ao desafio da articulação de uma ética de responsabilidade solidária capaz de servir como orientação para agir humano face ao mundo contemporâneo, ou seja, “agir de tal maneira que os efeitos de tua acção não sejam destruidores da futura possibilidade de vida humana” (JONAS, 1994: 40).
Entretanto, do espírito do “princípio da responsabilidade”, Hans Jonas se propõe a edificar uma ética nova, já que as éticas tradicionais não eram mais capazes de responder aos desafios da modernidade tecnológica. Pois para ele, as questões éticas suscitadas pelo progresso da tecnologia dizem respeito aos efeitos remotos, cumulativos e irreversíveisde sua intervenção sobre a natureza, tendo em conta que eram vistas como insignificantes pelas éticas tradicionais, isto é, “a actuação sobre aos objectos não humanos não constituía uma questão de relevância ética (...) toda ética tradicional é antropocêntrica” (JONAS, 1995: 29). Ou seja, a natureza não era objecto da responsabilidade humana, pois cuidava de si mesma.
Desta forma, em substituição aos antigos imperativos éticos, entre os quais o imperativo Katiano que constitui o modelo exemplar: “age de tal maneira que o princípio de tua acção transforme-se numa lei universal”, mas por vez Jonas propõe um novo imperativo: age de tal maneira que os efeitos de tua acção sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica” ou formulado negativamente“ não ponhas em perigo a continuidade indefinida da humanidade na terra” (SIQUEIRA, 2005: 4). Nesta ordem de ideia, O imperativo proposto por Hans Jonas é de ordem racional para um agir coletivo como um bem público e não individual.
Com seu novo paradigma ético, Hans Jonas tem a intenção de mostrar que os seres vivos devem viver para cumprir com um objetivo, mesmo que seja com ele mesmo. Se o ser humano tem várias finalidades, da mesma forma todos os outros seres têm a sua, mesmo que nos seja desconhecida, devemos respeitar o seu ciclo (Battestin e Ghiggi, 2010: 11).
Assim sendo, a responsabilidade de cada ser humano para consigo mesmo é indissociável daquela que se deve ter em relação a todos os demais. Isto é, trata-se de uma solidariedade que o liga a todos os homens e a natureza que o cerca.
A ética de Hans Jonas, que é a ética da responsabilidade (principalmente resposabilidade com a natureza), traz consigo a necessidade de um sujeito consciente que não é imediatista, não espera resultados a curto prazo. Sua ética busca alertar para a técnica moderna que trabalha tanto sobre a natureza não humana quanto sobre a natureza humana, porém sem refletir. Ele censura o abuso do domínio do homem sobre a natureza causando sua destruição.

2.1. O princípio da responsabilidade

O paradigma ético de Hans Jonas se funda no princípio da responsabilidade, ou seja, Jonas reivindica a necessidade de tomar a ontologia como fundamento da ética, isto indo de encontro à ética grega e medieval e tomando distânciado modelo moderno de fundamentação do juízo moral, estabelecendo uma revisão da ideia de natureza. Seu ponto de partida de sua ética da responsabilidade é estabelecer uma revisão do conceito de natureza. Para o homem pré-técnico (antigo e medieval), a natureza era tomada como algo permanente, submetida a ciclos e mudanças, mas capaz de restabelecer-se das pequenas intervenções causadas pelos homens. Este panorama muda radicalmente com a aparição da ciência moderna e a técnica derivada dela (SILVEIRA, 2010: 3).
Em O Princípio Responsabilidade analisam-se as éticas clássicas e modernas e procura demonstrar-se como estas não consegue lidar com a possibilidade ou com o futuro, mas apenas com a proximidade e com o presente. A partir dessa impossibilidade dos sistemas éticos clássicos e modernos, Jonas propõe sua tese: devemos evitar arriscar a vida humana futura, ou seja, diante dos avanços inevitáveis das tecnologias devemos nos perguntar se temos o direito de arriscar a vida futura da humanidade e do planeta. Jonas conclui que não devemos, embora tenhamos o poder tecnológico e a arrogância política, porque não temos o direito de estabelecer o fim da vida humana e planetária como um princípio ético válido, justificável. A fim de evitar a circularidade em seu raciocínio, Jonas toma como exemplo concreto a atitude dos pais diante da possibilidade da vida de seus filhos, evitando colocar seu futuro como ser humano em risco apesar de o filho ou filha ser apenas uma possibilidade eventualmente não concretizável - o bebê pode não vir a nascer. Esse ponto será retomado durante toda a trajetória teórica de Jonas em suas obras posteriores.
Assim sendo, A ética da responsabilidade, vinculado no princípio da responsabilidade, quer refletir sobre a relação doagente, sua ação e as consequências destas ações, isto é, quer saber qual é a responsabilidade frente às consequências da ação do agente.
Entretanto, O Princípio Responsabilidade, além de ser considerado um princípio ético, proporciona uma perspectiva de diálogo crítico em plena era tecnológica. Jonas entende que, “sob o signo da tecnologia, a ética tem a ver com ações de um alcance causal que carece de precedentes (...). tudo isso coloca a responsabilidade no centro da ética” (JONAS, l995: 16).
Hans Jonas determinou o Princípio Responsabilidade como sendo uma ética em que o mundo animal, vegetal, mineral, biosfera e estratosfera passam a fazer parte da esfera da responsabilidade. A reflexão sobre a incerteza da vida futura é resultante de um equívoco cometido ao isolar o ser humano do restante da natureza (sendo o homem a própria Natureza). Somente uma ética fundamentada na magnitude do ser, poderia ter um significado real e verdadeiro das coisas em si. Para “Ser é necessário existir, e para existir é necessário viver e ter deveres, porém, (...) somente uma ética fundada na amplitude do Ser pode ter significado” (JONAS, 1995:17).




Conclusão

Hans Jonas entende o Bem como pertencente à realidade do Ser, pois lhe é próprio e poderá transformar-se em Dever na medida em que exista uma vontade capaz de transformá-lo em ação. A partir deste entendimento é fundamentada a ética da responsabilidade.
Entretanto, Hans Jonas chega a conclui que ser humano por si só já tem um valor fundamental pela totalidade do seu Ser, tendo uma vantagem em relação aos outros seres pelo fato de poder assumir responsabilidades, podendo assim, garantir seus próprios Fins. É a partir deste momento que surge o arquétipo de toda a responsabilidade do homem, baseada na natureza das coisas, na relação do sujeito e objeto, porém, essa relação ocorre somente com a existência do espaço e do tempo.
Nesta ordem de ideia, o homem não pode construir seu destino baseando numa cega ordem de fenômenos de grande poder de transformação e destituída de valores éticos. E o que vai caracterizar o imperativo de Jonas é sem dúvida a sua orientação para o futuro, pois a sua ética é muito futurista, mais este futuro deve ultrapassa o horizonte fechado no interior do qual o agente transformador poder reparar danos causados por ele ou sofrer a pena por eventuais delitos que ele tenha perpetrado (SIQUEIRA, 2005: 6).
Assim sendo, a responsabilidade inferida por Hans Jonas é portanto, na ética a articulação entre duas realidades, onde uma é subjectiva e outra objectiva. E a ordem ética está presente, não como realidade visível, mas como um apelo previdente que pede calma, prudência e equilíbrio, e é esta ordem que ele dá o nome de Princípio de Responsabilidade.
Hans Jonas critica as éticas tradicionais, julgando-as incompletas. Pois o agir bem da ética tradicional estava condicionado ao outro, no relacionamento do homem com o homem, era o homem até então o principal objeto ético, sendo uma ética antropocêntrica. Todas as éticas tradicionais obedeciam as seguintes premissas: A condição humana, resultante da natureza do homem e das coisas, permanecia fundamentalmente imutável para sempre; Baseado nesse pressuposto, podia-se determinar com clareza e sem dificuldade o bem humano; O alcance da ação humana e de sua conseqüente responsabilidade estava perfeitamente delimitado.
Hans Jonas, porém alerta para que a responsabilidade com a natureza e a preservação não estejam ligadam à ética utilitária. Não devemos preservar a natureza com interesses utilitários. E É preciso haver controle. O saber técnico deve ser acompanhado de um saber previdente. É importante reconhecer o ser e ter o dever. É preciso reconstruir a responsabilidade que é boa por si mesma.

 


Bibliografia

JONAS, Hans. (1995). O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para uma
civilização tecnológica. Rio de Janeiro: PUC Rio.
SIQUEIRA, José Eduardo de. (2005).Hans Jonas e a ética da responsabilidade.Artigo da revista acadêmica multidisciplinar.
BATTESTIN, Cláudia; GHIGGI, Gomercindo. (2010).  O princípio responsabilidade de Hans Jonas: um princípio ético para os novos tempos. Revista Thaumazein, Ano III, número 06,
Santa Maria, pp. 69-85.
SILVEIRA, Denis Coitinho. (2010).  Uma análise do princípio de Responsabilidade de Hans Jonas: suas implicações metaéticas. V.17, No2. Ethica


















[1]www. Wikipédiaenciclopédia livre.com,br

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